Por Cristiano Medeiros
Em uma iniciativa que levanta sérias preocupações sobre a privacidade e o tratamento dos trabalhadores, o Itaú Unibanco passou a utilizar sistemas de inteligência artificial (IA) para monitorar e punir seus funcionários, sem fornecer explicações claras ou justificativas para as penalidades aplicadas. Essa prática, que deveria ser orientada por princípios éticos e transparentes, parece estar sendo conduzida de forma arbitrária e opressiva, gerando um ambiente de trabalho cada vez mais hostil e desconfiado.
De acordo com relatos, a IA empregada pelo banco monitora rigorosamente as atividades dos bancários, desde o tempo gasto em determinadas tarefas até o comportamento online durante o expediente. As punições, que vão desde advertências até demissões, são aplicadas com base em padrões estabelecidos por algoritmos que os funcionários não compreendem e que o banco não explica adequadamente. A falta de transparência nesse processo é alarmante, pois coloca os trabalhadores em uma posição vulnerável, onde qualquer ação pode ser mal interpretada por um sistema que não leva em conta as nuances do trabalho humano.
O uso da IA em processos de monitoramento não é novidade no setor bancário, mas o que diferencia a ação do Itaú é a ausência de critérios claros e a falta de comunicação com os funcionários. Em vez de atuar como uma ferramenta para melhorar a eficiência e o desempenho, a IA está sendo utilizada como um instrumento de controle e repressão, ignorando o direito dos trabalhadores à informação e à defesa. Essa abordagem não só desrespeita os direitos dos bancários, como também cria um clima de medo e incerteza, que pode afetar negativamente a produtividade e a saúde mental dos empregados.
É inegável que a tecnologia pode trazer avanços significativos para o setor bancário, mas seu uso deve ser guiado por princípios de justiça e equidade. O que se observa no Itaú, entretanto, é um desvio desses princípios, onde a IA serve mais para justificar punições do que para promover melhorias reais no ambiente de trabalho. A falta de diálogo e de clareza no uso dessas ferramentas tecnológicas representa uma grave falha na gestão de pessoas e uma violação dos direitos dos trabalhadores.
A postura do Itaú em relação ao uso da IA precisa ser urgentemente revista. Os bancários merecem ser tratados com dignidade e respeito, e isso inclui o direito de saber como e por que estão sendo monitorados e punidos. Sem essa transparência, o banco arrisca deteriorar ainda mais o relacionamento com seus funcionários, comprometendo não apenas o bem-estar dos trabalhadores, mas também a própria imagem institucional.
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